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A Cooperativa de Geração Compartilhada (Cogecom) está com boas perspectivas de crescimento neste ano de 2023. O presidente do grupo, Roberto Corrêa, projeta que a cooperativa deverá ter uma expansão de 300%, além de ultrapassar a barreira dos 400 MW de capacidade instalada. A Cogecom planeja também expandir sua atuação para mais três estados (Distrito Federal, Tocantins e São Paulo) e atingir o número de mais de mil usinas em seu portfólio de geração. Para lembrar, a geração compartilhada, em suma, possibilita que consumidores se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma planta de micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados. Corrêa comenta também sobre os impactos positivos da nova resolução da Aneel sobre geração distribuída, que permitirá a instalação de novos projetos de tipos em áreas rurais no Sul do Brasil. “Até o final do ano, considerando as usinas mapeadas, devemos ter de 10 a 20 MW de potência entrando nessa modalidade, fora o que deve surgir nos próximos meses”, projetou.
Como avalia o impacto da nova resolução da Aneel sobre geração distribuída?
A resolução 1.059/23 da Aneel trouxe uma maior segurança regulatória para o setor. Apesar de a lei 14.300/22, sancionada em 2022, já tratar da regulamentação da geração distribuída, havia alguns pontos que precisavam ser regulamentados. A resolução veio justamente para tapar algumas arestas deixadas propositalmente pela lei 14.300/22, porque não é papel do legislativo regulamentar questões do setor energético. Isso é um papel da Aneel.
É claro que a resolução trouxe algumas situações que não são tão comerciais, do ponto de vista do mercado – tais como o pagamento da tarifa do fio. No entanto, essas medidas são necessárias para o equilíbrio da matriz. O mais importante, no final das contas, é que mesmo com todas essas alterações, é possível ter ainda um mercado economicamente viável. Ou seja, a expansão do setor de geração distribuída não vai parar, com o benefício de que o segmento agora conta com um marco legal e uma resolução da Aneel. Estamos muito bem calçados, do ponto de vista regulatório, trazendo mais segurança para os investidores.
Poderia citar uma novidade importante do novo marco legal do setor que, ao seu ver, pode destravar novos projetos?
Dentro do setor elétrico brasileiro, existe a figura das permissionárias de energia elétrica. Elas eram as antigas cooperativas de eletrificação rural, formadas pela união de agricultores que não tinham acesso à energia elétrica e que formavam cooperativas para trazer energia elétrica da concessionária. Passado algum tempo, a Aneel regulamentou esse modelo, transformando essas cooperativas em permissionárias de energia elétrica. No final das contas, elas são empresas que prestam serviços para as distribuidoras, levando a energia para áreas rurais mais remotas.
Antes, no modelo de geração distribuída, você só podia compensar energia na mesma área da permissão. Assim, quando uma usina estava instalada dentro de uma área de uma permissionária, você não tinha um mercado de consumo para a energia [excedente] disponível. Isso porque, muitas vezes, esse mercado era tão pequeno que a geração da própria usina era maior do que a quantidade de consumidores. Além disso, as tarifas eram tão subsidiadas que inviabilizavam a operação dessas usinas naquela região.
A lei 14.300/22 passou a permitir o envio do excedente de permissionárias para as concessionárias, de modo que essas permissionárias pudessem ser compensadas na área de concessão da concessionária. Isso permitiu uma quantidade de consumidores muito maior e também uma remuneração pelo preço da energia que permite a expansão das usinas de geração distribuída nessas áreas.
A pedido da Aneel, a Cogecom iniciou um projeto-piloto de geração distribuída que consiste em uma minicentral hidrelétrica com capacidade de geração de 300 kW na área da concessionária Coprel, no estado do Rio Grande do Sul, injetando energia excedente na rede da Rio Grande Energia (RGE). Esse projeto serviu de piloto para que a Aneel pudesse regulamentar o modelo de venda do excedente de energia dos sistemas de geração distribuída instalados nas áreas atendidas por permissionárias.
Com essa mudança em relação às permissionárias, como está a perspectiva de novos projetos de geração distribuída?
Existem projetos que estavam parados e que agora estão saindo do papel. Além disso, temos uma série de projetos que vão começar a ser desenvolvidos por conta disso. Nesse mês, já temos uma usina entrando nessa modalidade, a CGH Iberah. E até o final do ano, considerando as usinas mapeadas, devemos ter de 10 a 20 MW de potência entrando nessa modalidade, fora o que deve surgir nos próximos meses.
Como está a expectativa de crescimento da Cogecom em 2023?
Para 2023, estamos prevendo um crescimento na faixa de 300% em relação ao ano passado. Nós devemos ultrapassar a barreira dos 400 MW de potência instalada. Além disso, vamos entrar em mais três estados – Distrito Federal, Tocantins e São Paulo. Dessa forma, aumentaremos nossa presença nacional de sete para dez estados. A Cogecom deve ultrapassar ainda a marca de 50 mil unidades consumidoras atendidas. E, por fim, também devemos passar o número de mais de mil usinas em portfólio de geração. Será um ano de franco crescimento.
Por fim, como vê o futuro da geração distribuída no Brasil?
O crescimento está, cada vez mais, acima das expectativas. Parece que estou sendo muito otimista, mas faço essa projeção baseado em números. O Brasil terminou o ano de 2022 com 14 GW de potência instalada em geração distribuída. Em março, nós devemos terminar o mês com 17 GW de potência instalada. Ou seja, a geração distribuída no Brasil cresceu 1 GW por mês neste ano. Veja como o número é pujante e crescente. É baseado nesse tipo de dado que vejo que a matriz está crescendo de uma forma exorbitante.
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